A Saga de Guilherme, o Príncipe Negro. Parte IX
A marcha rumo ao Leste
As tendas haviam sido montadas
no meio da Floresta dos Carvalhos, no sopé das Montanhas do ermo Leste. O acampamento
militar com as sua tendas e pavilhões, seguia o padrão de uma expedição
militar. Ao centro, uma fogueira havia sido acesa para se preparar as comidas
da soldadesca, enquanto sentinelas vistoriavam a área ao redor do acampamento,
evitando uma possível invasão. Guilherme, ainda em estado de recuperação. Tinha
levado um escudeiro como auxiliar durante a jornada. Tito Lívio, o homem de
confiança do rei convalescente, ficara encarregado de comandar os vinte
soldados, escolhidos rigorosamente pelo rei, imprimindo a disciplina e a eficiência
durante a cavalgada até a Floresta dos Trolls.
Desde o dia da expedição de
resgate da rainha, até a chegada na Floresta, o agrupamento não tinha
enfrentado nenhuma atividade hostil durante a travessia pelos principados de
Valais. Cautelosamente, a expedição vinha se deslocando num ritmo lento, em que
dois batedores iam tomando á dianteira, certificando-se de que o grupo não seria
vítima de emboscadas.
Na décima terceira noite de
expedição, ainda na Floresta dos Carvalhos, o acampamento de Guilherme sofreu
uma investida do inimigo. Um névoa lenta e contínua, adentrou na Floresta,
tornando impossível enxergar-se um palmo a sua frente. De tão densa, a névoa
acabou desnorteando os membros do acampamento. Então Tito Lívio, temendo a
captura do seu Senhor, disse:
- Desembainhe sua espada, Vossa
Majestade! Somente assim nós poderemos saber onde o senhor está.
Guilherme levou a mão esquerda
até a empunhadura da espada e, desembainhando-a, fez um brilho escarlate emanar
por toda a névoa. Entretanto, essa decisão acabou fomentando a ira dos algozes
que, até então tinham permanecidos camuflados nas copas das árvores. Duendes armados
com cimitarras, e vestindo cotas de malha de aço, desceram das árvores num
ataque aos soldados do acampamento.
Nas cenas seguintes, muitos
cavaleiros honrosos e destemidos tombaram no combate, mais tarde cantado pelos
bardos na chamada “Cantiga da Batalha na Floresta dos Carvalhos”, com os
duendes serviçais da feiticeira. Guilherme, mesmo não vestindo sua emblemática
armadura, ceifou a vida de sete duendes. No final, dos vinte soldados, apenas
um tinha sobrevivido, além, é claro, de Tito Lívio. O soldado chamava-se Caio
Marco, nobre escudeiro do principado da região de Valais.
Diante da Floresta dos Trolls
Há que se contar que, logo após
a emboscada na Floresta dos Carvalhos, o rei Guilherme, junto com seus vassalos,
teve que partir rapidamente para a travessia das montanhas escarpadas do Leste.
Fatigados e pesarosos devido a perda de irmãos de armas, os cavaleiros
cavalgaram silenciosamente pelo resto da noite, agora sendo liderados pelo rei.
Ao longo de quatro dias de viagem por planícies indômitas, e dormitando ao
relento. O bando de fugitivos, ocultou-se por entre árvores, sempre temendo a
perseguição das hostes da feiticeira.
Ao chegar na fronteira onde
surgia a Floresta dos Trolls, os cavalos ficaram arredios e os cavaleiros
ficaram sorumbáticos. Finalmente, haviam chegado no coração das trevas, o lar
da feiticeira.
- Certamente algum espião já
noticiou nossa chegada. – Disse Tito Lívio.
- Posso tomar à dianteira, e
conferir o que nós iremos ter que enfrentar. – Manifestou-se decididamente,
Caio Marco.
- Não. Devemos pernoitar aqui
fora. Ainda que fiquemos bem visíveis, ela não terá tanto poder, quanto se nós
estivéssemos na Floresta. – Disse Guilherme.
- Mas ela pode mandar serviçais
até aqui, Vossa Majestade. – Disse preocupadamente, Tito Lívio. – Daí, nossa
situação ficaria ainda mais desvantajosa. Penso que, devemos desafiá-la num
franco combate.
- Essa mulher é astuciosa em
demasia para nos enfrentar cara a cara, meu bom Tito. – Disse Guilherme.
Então, estenderam lonas no
chão, e dormiram sob o negro véu de uma noite de poucas estrelas. Dois deveriam
dormir, enquanto um montava guarda. O primeiro turno ficou com o jovem
escudeiro. Quando o seu turno de três horas já estava chegando no fim, um
estrondo proveniente da Floresta, despertou os dois que estavam dormindo. Todos
sacaram suas espadas. Do meio de uma sequóia, o cavaleiro espectro saiu com seu
cavalo negro. O característico cheiro de morte, infestou o ar , ainda que eles
estivessem num ambiente aberto. A voz crapulosa do guerreio cadáver,
sentenciou:
- Venha até mim, rei Guilherme.
Temos assuntos a tratar. Mas somente você deve pisar na Floresta. Conduzirei você
até a casa de quem você tanta busca.
Nesse momento, Tito Lívio quis
protestar, no entanto, foi impedido pelas ordens expressas de Guilherme:
- Não cometa tolices, Tito Lívio.
Fique, para que, quando eu retornar com a rainha Annabel, eu tenha o
apoio de dois fieis vassalos. – Dito isso, o rei montou no cavalo Spartacus, e seguiu o cavaleiro
espectro Floresta adentro.
A história nos traz exemplos.
ResponderExcluirSim, Silva Lemes. Essa singela "Saga" que estou escrevendo, é na realidade uma representação moderna do medievo na contemporaneidade, baseando-me nas épicas e genealógicas "Sagas Islandesas" .Abraços! ;D
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