A Saga de Guilherme, o Príncipe Negro. Parte VI
Orlum, o Lobo Invernal
A história conta como
Guilherme, o rei negro, encontrou o lobo atroz, num embate feroz e mordaz. Depois
de ter passado nove dias e nove noites seguindo as pistas de Orlum, o Lobo
Invernal, Guilherme encontrou o rastro do animal que, o levou até a entrada de
uma caverna imensa – pois o lobo era tão grande quanto um Gigante do Gelo.
Havia acabado de escurecer e, a neve caía intensamente, dificultando o
caminhar, e obrigando Guilherme a fazer um enorme esforço para atravessar a
espessa camada de neve que se projetava a sua frente.
Foi durante o início da noite
no nono dia de caçada que, o rei Guilherme encontrou o pesadelo da Terra dos
Gigantes de Gelo. Em sua volta, Guilherme estava cercado por uma Floresta de
Pinheiros enegrecidos e cobertos por neve. Um silêncio sepulcral pairava no
ambiente hostil. Os inúmeros galhos e folhas dos pinheiros, impedia que a luz
lunar chegasse até o chão da floresta, dificultando a visão de Guilherme.
Então, da escuridão na caverna, olhos escarlates brilharam como um fogo
assassino, fitando a alma do cavaleiro negro. Um súbito terror percorreu as
entranhas de Guilherme, enquanto um uivo espectral ressonou da caverna. Era um
uivo malicioso e odioso que, parecia ser capaz de romper os tímpanos dos mais
incautos.
“Não consigo mensurar o tamanho
dessa fera, mas o que mais receio, é a imprevisibilidade dessa criatura. Ela
parece ser furtiva. Deve ter uma força descomunal, e mesmo assim prefere ocultar-se
nas sombras. É bem cautelosa e, certamente não irá me atacar de frente, pois
não é da natureza dos lobos.” Ponderou cuidadosamente, Guilherme. Entretanto,
agora, os olhos vermelhos do lobo tinham desaparecido, e o seu uivo havia
cessado. Havia apenas o silêncio em volta do cavaleiro. “Minha visão está
limitada por esse breu da noite. Por isso, devo focar na audição. É meu único
recurso.” E foi logo levando a mão esquerda até o cabo da espada, segurando
firmemente, pronto a brandi-la a qualquer instante. Concentrado, Guilherme
ouvia a neve caindo no chão, e pensou: “A cada segundo, minha sorte me
abandona. Não posso titubear!” então, ele brandiu a espada com a majestade de
um espadachim decidido ao seu duelo final e, disse: – Venha me matar! Besta ardilosa!”
gritou com plenos pulmões, agindo naquilo que, pensava ser o seu gesto suicída.
Pois o lobo levava claramente, uma vantagem sobre ele.
O que Guilherme não imaginava,
era que a aura que emanou de sua espada, acabara atiçando a fúria de Orlum, o
Lobo Invernal, fazendo com que, o animal abandonasse o seu elemento surpresa ao
grunhir odiosamente. Então, o barulho proveniente da malícia do lobo, acabou
denunciando a sua localização. Rapidamente, Guilherme virou-se para o lado em
que os grunhidos vinham. Num gesto decidido e vigoroso, ele ficou cara-a-cara
com o seu algoz: Orlum, numa fração de segundos fatais. Sentido-se traído, o
lobo saltou do pinheiro em que até então se ocultara e, tentou cravejar suas
presas na jugular do cavaleiro negro. No entanto, Guilherme, relembrando os
seus treinamentos extenuantes quando ainda estava na Ordem dos Clérigos da
Espada, adiantou a sua longa espada de aço
de rubi. Enfiando-a na garganta da besta. Um grito gutural ecoou pela
floresta. O bafo pestilento da fera quase sufocara Guilherme, quando o lobo
caiu em cima dele. Se não fosse pela sua armadura de aço negro, Guilherme teria
sido esmagado pelo peso do imenso Orlum – um animal de uns três metros de
altura. A duras penas, depois de ter ficado inconsciente após o choque como
cadáver do lobo, Guilherme empreendeu um derradeiro esforço, e saiu de debaixo
do imponente e hediondo, Orlum, o Lobo Invernal. Com um punhal, retirou uma
presa do lobo, e voltou cambaleando até o Castelo do Rei dos Gigantes. Sua
missão tinha sido cumprida.
A decisão do Rei dos Gigantes
de Gelo
Quando voltou para o palácio
real, Guilherme estava muito fatigado. Ao avistar o portão do palácio, tombou
extenuadamente. Grond, a Sentinela, foi comunicado de que, o homenzinho corajoso
havia voltado dos domínios de Orlum, o Lobo Invernal. Ao avistar a presa do
lobo pendurada a uma corda envolta do pescoço de Guilherme, a sentinela
deduziu que a missão tinha sido cumprida. Então levo-o até o um curandeiro dos
gigantes que, fez o cavaleiro negro beber gotas de uma bebida revigorante e de
propriedades medicinais mágicas, que só os mestres na tradição dos gigantes
conhecia.
Depois de um dia de
convalescença, Guilherme foi levado até o imponente Salão do Rei dos Gigantes.
Lá estava a donzela, sob o olhar sisudo do monarca.
- És um homenzinho corajoso e
honrado. Tens provado ser virtuoso desde que chegaste ao meu reino. – Falou
dando um riso enigmático.
- Nenhum reino, nenhum
exército, nenhuma riqueza foi capaz de saciar meu espírito inquieto e
melancólico, mas o destino me trouxe até o seu reino para que eu encontrasse
uma donzela de beleza tão estonteante e sincera. Enfrentei o lobo na floresta
sob uma tempestade de neve. Muitos achavam que eu iria sucumbir, mas o meu
fardo impediu que eu tombasse naquela noite fatídica. Agora, venho
humildemente diante de ti, pedir para que a tua palavra seja cumprida, pois, ainda
entre os homens e os seus filhos, a palavra ainda tem poder!
- Hum... Não posso negar o
nosso acordo, meu jovem. Tu conquistastes a honra do meu povo e, isso é bom,
toma a princesa. Posso prever o teu futuro por entre as brumas da história.
Tua sina não reside nesse reino. Por isso, lembra-te que, há algo de tenebroso
sobre ti. Algum feitiço, isso que tu chamas de fardo. Vá! Mas tome cuidado na
jornada de volta, pois eu posso ver com clarividência que forças malignas são
lançadas sobre ti.
Agora é dito que, Guilherme, o
rei negro, resgatou a donzela do julgo dos gigantes. Montando na garupa do seu
cavalo Spartacus, Guilherme partiu
com a donzela, de semblante triste e distante.
- Por que tu carregas essa
tristeza no rosto, princesa dos gigantes?
- Eu conheço o meu destino. E
sei que tu és minha esperança e minha derrocada. Cabendo ao amanhã, decifrar
esse enigma.
- Deixemos essa melancolia para
trás. Que nossa passagem por essas terras gélidas, seja lembrada e cantada pelos bardos.
Naquele momento, um corvo espionava o retorno do cavaleiro negro até o seu reino. Por meio de um feitiço, a feiticeira da Floresta dos Trolls ficou sabendo da volta do rei sobre a Colina dos Bruxos...
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