Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2014

Dostoiévski e o "ser original".

Imagem
“A falta de originalidade existe em toda parte, em todo o mundo, desde que o mundo é mundo sempre foi considerada a primeira qualidade e a melhor recomendação do homem de ação, de ação e prático, e pelo menos noventa e nove de cada cem pessoas (ao menos mesmo) sempre sustentavam essas ideias e só uma em cada cem via sempre e continua a ver a coisa de modo diferente. Os inventores e os gênios, no início da sua trajetória (e muito amiúde também no final), não eram vistos quase sempre pela sociedade senão como imbecis.” Fiódor Dostoiévski, O Idiota. “De fato, não existe nada mais deplorável do que, por exemplo, se rico, de boa família, de boa aparência, de instrução regular, não tolo, até bom, e ao mesmo tempo não ter nenhum talento, nenhuma peculiaridade, inclusive nenhuma esquisitice, nenhuma ideia própria, ser terminantemente ‘como todo mundo’ (...) No mundo existe uma infinidade extraordinária de pessoas assim e até bem mais do que parece; como todas as pessoas, elas

A abolição do Homem (ou, Humano, demasiado humano)

Imagem
“O indivíduo é a única realidade. Quanto mais nos afastamos dele para nos aproximarmos de ideias abstratas sobre o homo sapiens , mais probabilidades temos de erro.” Carl Gustav Jung, O homem e seus símbolos. “ 179 . Pensamentos – Pensamentos são as sombras dos nossos sentimentos – sempre mais obscuros, mais vazios, mais simples do que estes.” Friedrich Nietzsche , A Gaia Ciência. “Toda ciência, tomada isoladamente, não significa senão um fragmento do universal movimento rumo ao conhecimento.” Marc Bloch, Apologia da  História. “Porque nós usamos tantos números para tudo, temos a tendência de pensar todos os processos como se fossem necessariamente como a série numérica, em que cada passo, por toda a eternidade, é do mesmo tipo que o passo anterior.” C.S. Lewis, A Abolição do homem. Nossos pensamentos irradiam um brilho cósmico. São como estrelas, corpos celestes, há muito tempo inexistentes, e o que pensamos ver como sendo uma estrela brilhando em sua plen

Poesia

Imagem
“Um navio saiu à procura de uma tempestade. Naufragou, Entre águas revoltas.”   Thiago Cunha. “Uma gaiola saiu à procura de um pássaro.” Franz Kafka

Um conto (A vida tem dessas).

Imagem
O Tuco Lucas Albuquerque, ou melhor dizendo, “Garrincha”, como era chamado pelos amigos nas peladas de fim de semana, ia andando até o carro no estacionamento do escritório de advocacia, onde trabalhava. Sexta-feira, Lucas tinha acabado de passar o ponto, quando escutou um bip de mensagem no celular. Estava escrito no whatsapp: O Tuco morreu hoje à tardinha. Avisa a galera mais distante, cara; até o velório, tchau . A mensagem era do Diogo, amigo da época da escola e vizinho do Lucas desde a infância. Então, Lucas abriu o carro e entrou, pensou um pouco, lembrou do imenso engarrafamento que teria que enfrentar do Bairro do Renascença até o cemitério onde estava ocorrendo  o velório, no outro lado da cidade, e disse: “Vou ligar pra esse pateta”. Ligou para o Diogo. - Fala, cara... – Diogo não falava nada, parecia estar emocionado. - Esse bebum do Tuco. Morreu de cirrose, né? – falou Lucas, também emocionado. - Não, cara, a mulher dele me falou que ele morreu no banheiro.

A Saga de Guilherme, o Príncipe Negro. Parte XVI - Fim

Imagem
  Factum abiit, monumenta manent ( O fato feito passa, os monumentos permanecem) Quando Amadeu, o bobo da corte do Reino de Árvore e Folha terminou de contar a narrativa fantástica de Guilherme, o Príncipe Negro, o jovem e inquieto Miguel II, foi logo indagando-o: - Mas o que aconteceu com Frederico? Ele não tinha herdado os saberes mágicos do pai? Como pode um rei tão poderoso, como foi Guilherme, ter perdido essa batalha? - Ha! Meu nobre senhor, isso é algo que eu ainda gostaria de lhe contar, com todo o prazer. O fato é que o Príncipe Negro não morreu naquela batalha no Vale dos Espinhos. Não como nós estamos fartos de saber que os comuns tombam em combate... O seu corpo virou uma fogueira viva ao ser trespassado pela lâmina do Conde Gusmão. Diz o relato dos combatentes que estavam na hora da morte do Soberano dos Bruxos, que ao tombar em luta, seu corpo foi consumido em chamas mágicas, e depois virou um negro pó, portanto, ele nunca foi derrotado, apenas abandonou

A Saga de Guilherme, o Príncipe Negro. Parte XV

Imagem
A marcha até o Vale dos Espinhos A batalha entre o exercito do Rei dos Bruxos e a Liga dos Reinos livres, ocorreu nas imediações do senhorio do Castelo dos Reis sobre a Colina, mais especificamente, no Vale dos Espinhos onde ficava a concentração bélica do rei Guilherme, o Rei Negro. Por meio do relato minucioso dos batedores enviados por Miguel Terra, o Monge Guerreiro, ficou-se sabendo da concentração de piqueiros, arqueiros e cavaleiros, todos convocados pelo Rei sobre a Colina dos Bruxos. Então, munindo-se da máxima de que, a melhor defesa é o ataque, as tropas da Liga iniciaram a derradeira marcha contra as hostes de Guilherme. Entretanto, astuciosamente, Guilherme já havia deduzido um possível ataque ao seu reduto de maldade. Cavaleiros monges, investidos na Ordem dos Clérigos da Espada, cavalgavam à frente das tropas de camponeses, em sua maioria armados infantes e piqueiros, homens rudes e de formação militar precária, daí a razão dos monges encabeçarem as fileir

A Saga de Guilherme, o Príncipe Negro. Parte XIV

Imagem
Gaia Domus Conta-se que o rei Guilherme, o Rei dos Bruxos nunca mais tinha se aconselhado com a árvore guardiã de sua Casa. Os anos de estudo e reclusão, fomentaram sua prepotência, tornando-o incapaz de ver na árvore uma importância real para suas angústias. Quando ele resolveu retornar ao trono, olhou com desdém a majestosa árvore, pois, nela havia algo que o intimidava enquanto ele sentava no trono, firmado embaixo dos galhos da árvore. Seus galhos longos e vigorosos, seu tronco áspero e forte, lembravam sempre o rei da sua insignificância quanto às forças impetuosas da natureza. E nisso tudo, Guilherme odiava com uma raiva surda, apenas contida pela atenção desviada aos seus planos de vingança contra a liga de Miguel Terra, o Monge Guerreiro. Após a morte de sua amada rainha Annabel, Guilherme desvencilhara-se ainda mais das pessoas ao seu redor. Sua perversidade deformava tudo o que ele via a sua frente, sempre temendo conspirações e outros ardis dos seus serviçais. Coma