Aos leitores inveterados

“Minha pátria é a língua portuguesa”.
 O livro do desassossego, de Fernando Pessoa.



Como escrever nesse blog tem sido uma experiência de aprimoramento da minha escrita, em que muitas vezes há encontros e desencontros com as pontuações, ideias desconexas e tantos outros entraves; eu não poderia deixar de relatar de quanto o ato de escrever, de pensar e fazer uma triagem daquilo que realmente merece ser escrito ou não, acaba sendo uma atividade solitária. Mas não só o escritor é um individuo isolado, por assim dizer. O leitor, aquele individuo que lê – seja livro, jornal, kindle, tablet etc. – para si mesmo, seja uma leitura interna, seja uma leitura em voz alta, é muitas vezes um solitário. A leitura necessita, tanto quanto a escrita, de concentração e esmero, pois, para que se entenda aquilo que o autor quis externar por meio de figuras de linguagens e tantos outros recursos linguísticos, o leitor mais atento deve se debruçar sobre o sentido da escrita para que cada palavra seja saboreada conscientemente. Por exemplo, quando um autor cita que uma árvore é frondosa, que o farfalhar de suas folhas produz um música rústica que o remete aos tempos de infância, em verdade, o mesmo quis explorar os recursos da nossa língua pátria para transmitir emoções, e talvez este seja o ponto mais importante, quando o escritor elegeu tal árvore para ser descrita, ele quis dizer que ela é importante e por isso mereceu ser descrita poeticamente.
Parece tolice, mas quem escreve, por mais ermitão que aparente ser o escritor, sempre escreve pensando nos seus potenciais leitores. O escritor tem uma ideia sobre uma estória; pois bem, cabe a ele burilar suas ideias, a priori desconexas, e aglutiná-las de modo que ele possa contá-la para alguém. O leitor, é uma anônimo para o escritor, mas nem por isso menos estimado. Quem escreve sabe que tem uma estória muito boa que está sendo maturada em sua mente e sabe que essa estória precisa ser compartilhada o quanto antes. É nesse querer contar algo para outrem, que surge a necessidade de escrever. Gosto de pensar que J.R.R. Tolkien, ao redigir seus primeiros manuscritos sobre a Terra Média, tinha o intuito de compartilhar uma experiência onírica com outras pessoas, pois ter as ideias na sua cabeça, por si só já não bastava. Era essencial registrar seus pensamento e pulverizá-lo na mente de outras pessoas.
Meu caro leitor, se chegou até aqui, espero que tenha apreciado estas breves divagações. Tive a necessidade compartilhar alguns pontos de vista, algumas reflexões e escrevi nesse blog. Dito isso, até mais!

“Longa é a arte, tão breve a vida”.

Querida, de Tom Jobim.






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