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Mostrando postagens de 2015

Escritos sobre Direito Canônico.

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O Direito Canônico pode-se, pois, dizer, como grande parte dos elementos do medievo, era uma amálgama dos princípios e costumes do Direito Romano ensinado nas universidades medievais – especialmente a universidade de Bolonha – com o Ius divinum , isto é, regras oriundas da Sagrada Escritura, além dos textos dos doutores da Igreja. Etimologicamente, o termo Direito Canônico é proveniente do vocábulo grego “cânon”, cujo significado é regra. Portanto, pode-se inferir nesse primeiro momento um traço essencial dessa vertente do Direito, ou seja, o caráter de regra unitário de origem religiosa ou, melhor dito, manifestação jurídica da Igreja Católica, a maior instituição no período histórico em questão. Todavia, para que se compreenda o que foi o Direito Canônico, há que se descrever os elementos antecedentes dessa amálgama, por isso, é salutar uma análise dos antecedentes históricos dessa vertente do Direito. Há que se ressaltar, que a sociedade medieval começou a ser formada a

Aos leitores inveterados

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“Minha pátria é a língua portuguesa”.   O livro do desassossego , de Fernando Pessoa. Como escrever nesse blog tem sido uma experiência de aprimoramento da minha escrita, em que muitas vezes há encontros e desencontros com as pontuações, ideias desconexas e tantos outros entraves; eu não poderia deixar de relatar de quanto o ato de escrever, de pensar e fazer uma triagem daquilo que realmente merece ser escrito ou não, acaba sendo uma atividade solitária. Mas não só o escritor é um individuo isolado, por assim dizer. O leitor, aquele individuo que lê – seja livro, jornal, kindle , tablet etc. – para si mesmo, seja uma leitura interna, seja uma leitura em voz alta, é muitas vezes um solitário. A leitura necessita, tanto quanto a escrita, de concentração e esmero, pois, para que se entenda aquilo que o autor quis externar por meio de figuras de linguagens e tantos outros recursos linguísticos, o leitor mais atento deve se debruçar sobre o sentido da escrita para que cada pa

Notas sobre política.

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“ Drink all day, ‘cos the country’s at war”. Kingdom of doom, da banda, The Good, the Bad and the Queen. Dir-se-ia que, o bom selvagem, tal qual concebido por Rousseau, já nasceu de uma candidez e honestidade que muito se assemelha aos membros no Congresso Nacional desse nosso imenso Brasil, tão atrasado e burocrático. Por esses tempos em que eu escrevo, sob os auspícios do fim de ano, com o Natal já quase que deflagrado e o Ano Novo chegando a passos largos, há no nosso Brasil uma tensão no cenário político. Isto é, a ameaça de  impeachment sobre a Presidente da República tem se tornado uma realidade cada vez mais concreta. Talvez nem nos piores pesadelos, Dilma Rousseff tenha concebido um presente de fim de ano tão  “ agradável ” , por assim dizer. Então vem o questionamento, sendo iniciado tal processo eminentemente político, quem irá julgá-la por crimes de responsabilidade cometidos durante seu mandato? Ora, essa pergunta, com seu teor de retórica, pode ser

Woody Allen.

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                                                           Seleção de alguns vídeos e gifs do universo de Woody Allen.

Admirável mundo novo - Aldous Huxley.

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“ – São fatos desagradáveis, eu sei. Mas é que a maioria dos fatos históricos é mesmo desagradável.” (p. 44) “Depois, dirigindo-se aos estudantes: – O que vou lhes contar, agora, poderá parecer inacreditável. Mas é que, quando não se conhece a História, os fatos relativos ao passado, em geral, parecem mesmo incríveis.” (p.53) “ – Lembram-se todos – disse o Administrador, com sua voz forte e profunda –, lembram-se todos, suponho, daquelas belas e inspiradoras palavras de Nosso Ford: ‘A História é uma farsa’. A História – repetiu pausadamente – é uma farsa.” (p. 55) “Uma insuficiência física podia produzir uma espécie de excesso mental. Ao que parece, o processo era reversível. O excesso mental podia, por sua vez, produzir a cegueira e a surdez da solidão deliberadamente procurada, a impotência artificial do ascetismo.” (p.93) “ – Mas as coisas que você produz, Helmholtz, são boas.  – Ah, sim, dentro dos meus limites. – Helmholtz deu de ombros. – Mas

O sonho que tive.

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Xilogravura de Oswaldo Goeldi. Ontem sonhei que te beijava, um beijo sem lascívia – apenas puro, Meus braços em torno do teu corpo, um gesto cândido, Minha cabeça nos teus ombros, um afago para um espírito fatigado. Mas como todos os sonhos não passam de utopias desvairadas, acordei. Acordei e vi que tu não estavas perto de mim, então, No descompasso do dia, Na angústia, da incerteza de não te ver, Esqueci de ser feliz. O Lobo da Estepe.

O que é Estado? Divagações sobre os conceitos e nossa visão de mundo.

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“ Nascemos no Estado e ao menos contemporaneamente é inconcebível a vida fora do Estado ”  (Paulo Bonavides). Magnum Opus de Hobbes, onde é externado o conceito de Estado. Por um tempo, aliás, por um longo tempo eu me perguntava: mas o que é mesmo o Estado, essa grande abstração que nós humanos criamos? Ao mesmo tempo em que eu me deparava com essa quimera que, nós queiramos ou não, está em nossa vida, introjetado nas leis, nos nossos costumes e o modo de pensar e agir, eu me questionava se esse conceito fazia assim tanta diferença na vida das pessoas. Eu pensava na situação de um pobre pescador, sujeito analfabeto, portanto, com uma visão de mundo menos propícia a abstrações do tipo “Estado”. Então, nessas minhas divagações, eu pensava, “nós, seres humanos, somos criaturas bem extravagantes, por assim dizer, pois temos a estranha mania de tornar as coisas da vida que são simples, em algo de uma enorme complexidade” – e tal pensamento se encaixava no meu problema com o con

Mar Português: uma análise sobre o imaginário expansionista português e o processo de cristianização do oceano.

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Nota Introdutória. Nas linhas subsequentes notar-se-á que - na organização e no estilo da escrita -, há um perfil de artigo científico no corpo do texto em questão. Pois bem, ao leitor resta explanar que tais linhas, ou, melhor dizendo, tais divagações são provenientes da leitura das teses do célebre historiador Charles Boxer, na sua magistral obra O Império Marítimo Português , assim como também há ideias do historiador lusitano Luis Krus, no seu artigo O imaginário português e os medos do mar . Dito isso, espero que o leitor aprecie o conteúdo do texto. 1 – O Mar intempestivo. “Ao difundir as notícias de como o Atlântico conservava em si graças e tesouros que incluíam templos, relíquias e o próprio Paraíso, os clérigos letrados libertavam suspeitas sobre os fundamentos religiosos e morais seguidos pelas comunidades que com ele estreitamente se relacionavam e elaboravam doutrina apta a enquadrar e apoiar as navegações e as rotas comerciais oceânicas.” [1] “Quando,

Anátema de Baais.

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"The Ghost of a Flea", William Blake. Havia um deus chamado Baais, que era solitário e pouco poderoso entre os outros deuses no panteão cósmico. Baais era um espírito de força ilimitada, mas  que mesmo assim sentia-se demasiado triste e inseguro. Durante as noites no vácuo do universo, quando contemplava o luar esverdeado do planeta de Gaal, onde residia, Baais almejou criar um mundo só para si. Tal mundo deveria ser belo e bem povoado. Então, do pensamento de Baais surgiu um par de indivíduos amorfos, admirado com sua criação, ele os denominou de Homem e Mulher. Para a massa fulgurante, que mais tarde transformou-se em Terra, Baais enviou suas criaturas e, por longas eras, tal qual sentinela, vigiou o desenrolar de sua criação. Com o passar do tempo, os outros deuses, perguntaram-no: “Baais, tu tens andado absorto entre brumas incógnitas. O que um deus pode pensar além da completude?”. Em verdade, Baais, ao conceber a criação do Homem e da Mulher, também trans