O conto do rei indolente.




No castelo da indolência
- Levantem a ponte!!! Eu quero todos os arqueiros nos baluartes! Já!!! – Era assim que cavaleiro mor gritava para os seus subordinados a plenos pulmões. Lá fora, as tropas inimigas aglomeravam-se em volta do castelo do rei Capricórnio.
- Meu senhor, eles são muitos. A infantaria é composta por besteiros e piqueiros... O que podemos fazer? – perguntou o cavalariço de modo aterrorizado para o cavaleiro mor.
- Resistir. Só nos restar resistir. – completou – Eles não passarão! – disse enquanto levantava a mão esquerda empunhando sua espada.
Mas onde estava o rei Capricórnio? O que aconteceu a ele? Enquanto seu castelo era sitiado por inimigos atrozes, ávidos por saquear, o que ele fazia? Ora, de dentro do salão do real, cercado por seu séquito, o rei Capricórnio banqueteava-se com um cordeiro assado, suando em bicas, e deixando o vinho escorregar por sua barba frondosa.
- Milorde, o inimigo tem trebuchets, temos até amanhã até que elas sejam montadas, e então, nossos muros ruirão... – o cavaleiro mor lançou um olhar desesperançado em volta do salão e pôde ver uma dúzia de nobres em seus trajes pomposos, que, em verdade, pareciam pouco se importar com tudo aquilo. Pareciam não medir seus atos ou se importar com tudo aquilo que não fosse ouro. Eis que o rei disse, numa tomada eloquente, como que totalmente envolto por um manto lúbrico, como um indolente, sentenciou:
- Bebam todos! Bebamos o dia todo, pois o país está em guerra!!! – o rei Capricórnio, aquele glutão contumaz, se tinha alguma certeza na vida, foi naquela decisão proferida no salão real.
Todos beberam o cálice da luxúria, mas, lá fora, tropas bem preparadas, esperavam o momento de se banquetearem com o sangue dos lascivos nobres no castelo.

Fim

“He that is to govern a whole Nation, must read in himselfe, not this, or that particular man; but Man-Kind”. The Leviathan, Thomas Hobbes.















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