Algumas considerações sobre Franz Kafka
Estranhamento e repulsa em Kafka A primeira impressão que se tem ao ler Kafka é a de que há algo estranho naquilo que se está lendo. Pegamos um livro seu e parece que, do começo ao fim do romance – ou conto – , tanto o personagem principal quanto o narrador parecem estar inseridos num mundo totalmente envolto em uma densa névoa que os impede de ver as correntes, os empecilhos, que lhe são constantemente apresentados – é assim no romance O Castelo , onde o agrimensor “K” é um forasteiro numa terra que lhe é inteiramente desconhecida e, nada obstante, ainda está a procura do contato que lhe trouxe até aquela situação e que, este, por fim, acaba nunca achando essa pessoa, como fica subentendido no final do romance, aqui há sempre um entrave entre o agrimensor “K” e aquilo que ele busca . Em Kafka, parafraseando um aforismo seu, se existe de fato a salvação, ela não existe para nós; sentença esta que, por mais incisiva que seja – como de fato era intenção de Kafka, com a