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Mostrando postagens de 2016

Algumas considerações sobre Franz Kafka

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Estranhamento e repulsa em Kafka A primeira impressão que se tem ao ler Kafka é a de que há algo estranho naquilo que se está lendo. Pegamos um livro seu e parece que, do começo ao fim do romance  –  ou conto – , tanto o personagem principal quanto o narrador parecem estar inseridos num mundo totalmente envolto em uma densa névoa que os impede de ver as correntes, os empecilhos, que lhe são constantemente apresentados – é assim no romance O Castelo , onde o agrimensor “K” é um forasteiro numa terra que lhe é inteiramente desconhecida e, nada obstante, ainda está a procura do contato que lhe trouxe até aquela situação e que,  este, por fim, acaba nunca achando essa pessoa, como fica subentendido no final do romance, aqui há sempre um entrave entre o agrimensor “K” e aquilo que ele busca . Em Kafka, parafraseando um aforismo seu, se existe de fato a salvação, ela não existe para nós; sentença esta que, por mais incisiva que seja – como de fato era intenção de Kafka, com a

Ano 3000

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Estamos no ano 3000 depois de Cristo. A civilização evoluiu cientificamente a ponto do ser humano ter alçado, na categoria da evolução biológica, o status de um aglomerado de super primatas que compartilham de uma miríade de símbolos e códigos organizacionais chamado de sociedade ultramoderna . Doenças tidas agora como primitivas, tais como a AIDS, câncer, ebola, por exemplo, foram extirpadas, dado o elevado grau de avanço da medicina. A ciência venceu a morte; hoje um ser vivente só deixa a vida por meio do crime de homicídio – as prisões foram abolidas após a constatação de que eram instituições falidas e demasiado perniciosas para o encarcerado, passando, assim, a serem substituídas por planos de supressão de memórias do delinquentes – ou quando, já farto da mesmice e da monotina da vida, comete o suicídio assistido por seus pares. O impossível, nessa etapa da história humana – seria esta a última etapa? – tornou-se simples, fácil de ser resolvido. As viagens a Marte,

Artigo sobre o Renascimento Italiano.

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Studia humanitatis : vicissitudes e permanências no Renascimento Italiano. Thiago Silva Cruz e Cunha [1] RESUMO O ensaio a seguir discorrerá sobre as especificidades do Renascimento Italiano, não só enquanto movimento artístico, mas também como movimento cultural que trouxe, em sua essência, rupturas e permanências nas mentalidades dos intelectuais engajados, entre os séculos XIV e XVI. ABSTRACT The essay with dicuss about some especificities on the italian renaissance, not only any artistic moviment, but like any cultural moviment that in your essence, gave ruptures and permanences on the intellectuals mentalities, between the centuries XIV and XVI. INTRODUÇÃO Abordando concisamente os vários temas referentes ao Renascimento na península itálica, haverá no presente texto, uma ênfase na dualidade de valores entre, cristianismo e paganismo, no ideal de recuperar-se a arte e literatura clássica através da imitação e aperfeiçoamento dos antigos romanos

No país da tristeza

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Xilogravura de Oswaldo Goeldi. No país da tristeza, Todo dia é domingo, Todo dia é assim: Mais do mesmo, Essa monotonia. No país da tristeza, Quem diz oi, É punido com o crime de afronta, Pois lá ninguém se fala, Só se cala. No país da tristeza, Há um feriado nacional: o dia da melancolia, Há a estátua de um poeta cabisbaixo, meio sem graça, Há de tudo um pouco, menos felicidade. Porque no país da tristeza, Ser feliz é um privilegio de poucos, de quem nutre sua felicidade da infelicidade de uns tantos outros. No país da tristeza, Tudo que não é tédio, saudade, É fugaz.

A Canção do Tamoio - Gonçalves Dias.

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I Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar. II Um dia vivemos! O homem que é forte Não teme da morte; Só teme fugir; No arco que entesa Tem certa uma presa, Quer seja tapuia, Condor ou tapir. III O forte, o cobarde Seus feitos inveja De o ver na peleja Garboso e feroz; E os tímidos velhos Nos graves concelhos, Curvadas as frontes, Escutam-lhe a voz! IV Domina, se vive; Se morre, descansa Dos seus na lembrança, Na voz do porvir. Não cures da vida! Sê bravo, sê forte! Não fujas da morte, Que a morte há de vir! V E pois que és meu filho, Meus brios reveste; Tamoio nasceste, Valente serás. Sê duro guerreiro, Robusto, fragueiro, Brasão dos tamoios Na guerra e na paz. VI Teu g