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Mostrando postagens de dezembro, 2016

Algumas considerações sobre Franz Kafka

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Estranhamento e repulsa em Kafka A primeira impressão que se tem ao ler Kafka é a de que há algo estranho naquilo que se está lendo. Pegamos um livro seu e parece que, do começo ao fim do romance  –  ou conto – , tanto o personagem principal quanto o narrador parecem estar inseridos num mundo totalmente envolto em uma densa névoa que os impede de ver as correntes, os empecilhos, que lhe são constantemente apresentados – é assim no romance O Castelo , onde o agrimensor “K” é um forasteiro numa terra que lhe é inteiramente desconhecida e, nada obstante, ainda está a procura do contato que lhe trouxe até aquela situação e que,  este, por fim, acaba nunca achando essa pessoa, como fica subentendido no final do romance, aqui há sempre um entrave entre o agrimensor “K” e aquilo que ele busca . Em Kafka, parafraseando um aforismo seu, se existe de fato a salvação, ela não existe para nós; sentença esta que, por mais incisiva que seja – como de fato era intenção de Kafka, com a

Ano 3000

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Estamos no ano 3000 depois de Cristo. A civilização evoluiu cientificamente a ponto do ser humano ter alçado, na categoria da evolução biológica, o status de um aglomerado de super primatas que compartilham de uma miríade de símbolos e códigos organizacionais chamado de sociedade ultramoderna . Doenças tidas agora como primitivas, tais como a AIDS, câncer, ebola, por exemplo, foram extirpadas, dado o elevado grau de avanço da medicina. A ciência venceu a morte; hoje um ser vivente só deixa a vida por meio do crime de homicídio – as prisões foram abolidas após a constatação de que eram instituições falidas e demasiado perniciosas para o encarcerado, passando, assim, a serem substituídas por planos de supressão de memórias do delinquentes – ou quando, já farto da mesmice e da monotina da vida, comete o suicídio assistido por seus pares. O impossível, nessa etapa da história humana – seria esta a última etapa? – tornou-se simples, fácil de ser resolvido. As viagens a Marte,